Casa El Salvador / HM.A

Desde o início do projeto entendeu-se as qualidades intrínsecas ao terreno; um espaço retangular de 7,50×12,00m localizado praticamente no coração da quadra, com uma tipologia de habitação geminada. O projeto devia responder às diversas demandas do cliente, como a luminosidade, uma piscina na cobertura, proteção ao meio ambiente, respeito pela estética da antiga casa, e pouca manutenção. Além disso, as necessidades programáticas excediam bastante as possibilidades do terreno.

© Esteban Lobo

Limitados por quatro muros e condicionados pela pouca área em planta, a premissa de gerar um pátio interior torna-se a alma do projeto, espaço no qual se guia a organização da habitação, ordenando os demais espaços verticalmente ascendentes em busca de ar, luz e visuais privadas, arrematando com a piscina de uma raia na cobertura.

© Esteban Lobo

A decisão da escolha e uso de materiais reflete a mesma busca de dirigir cada espaço ao pátio interior de forma completa e honesta, gerando uma pele de vidro no interior, e uma pele sólida no exterior, tendo como resultado a idéia de um pavilhão habitável, mais que uma habitação tradicional.

© Esteban Lobo

Levando ao extremo a intenção projetual de gerar uma pele etérea até o pátio, as buscas estruturais, tectônicas e construtivas levaram à idéia de “fazer desaparecer” a estrutura e assim alcançar a intenção de “ausência de gravidade”, baseada na idéia de uma piscina flutuante sobre os espaços habitáveis. Foi, então, fundamental utilizar uma estrutura mista, com colunas de ferro que continuam a linha construtiva da madeira, que é claramente oposta à volumetria do concreto, marcante presença visual.

© Esteban Lobo

Na busca de uma arquitetura de materiais nobres, o concreto, o ferro e os panos de vidro são complementados pela utilização de tijolo refratário aparente como material para o revestimento, buscando assim as condições estéticas e isolantes desejadas. Por sua vez, a reutilização do elemento da habitação existente remete ao espirito original da propriedade e sua tipologia.

A materialização da presença de luz natural serviu para estruturar a idéia de leveza que o volume de concreto dá ao espaço. Este elemento acaba por costurar o projeto, que busca sempre uma dinâmica em corte, anteposta a estática simetria da planta.

Planta baixa

A circulação da habitação está intimamente relacionada ao pátio e suas vistas, percorrendo verticalmente em espiral. As vistas até o corredor são peneiradas por uma camada vegetal, provenientes dos vasos, e que proporciona um nível de maior profundidade em direção ao muro de grande escala. A clarabóia dá a única luz controlada ao conjunto, banhando a parede de tijolos que marca a circulação dos dois níveis.

Planta superior

O programa aparece invertido ao que se, tradicionalmente, entende como espaço público e privado, entendendo um espaço do habitar diurno e outro noturno, gerando uma disposição que vai do privado, na planta baixa, ao público, no piso superior. O nível térreo contém dois quartos e um hall de acesso, cuja funcionalidade é também ser uma extensão do escritório. O piso superior, busca a luz e as vistas do céu desde a sala de estar e a cozinha/sala de jantar, ambos conectados através de uma passarela. O percurso termina ao atravessar a circulação exterior que comunica o primeiro terraço em desnível em relação ao segundo.

Corte AA

Em corte verifica-se a diversidade de alturas que propõem uma dinâmica de percurso contínuo e escalonado. O limite dimensional do pátio foi o motivo pelo qual os níveis dos terraços são diferentes. O desenvolvimento da escada até o terraço devia responder à proporções e dimensões coerentes, isto permitiu, indiretamente, um jogo de alturas em ambos os ambientes e também a diferenciação dos usos em cada um. Tentou-se, com notoriedade, uma diferenciação nos pisos, onde se verifica a diversidade de atividades em relação aos usos dos terraços, um com maior relação com o interior da cada, e outro como solário em contato direto com a piscina.

© Esteban Lobo

O equipamento é projetado também com o entendimento de que a casa devia se basear nos requisitos básicos da hotelaria. Camas móveis que permitem diversas disposições, poucos móveis e de linhas simples, realizados com madeira paraíso.

© Esteban Lobo

Com a intenção de manter o vinculo entre o passado e o presente, decidiu-se manter a disposição original da casa, respeitando a planta original e quase com as mesmas proporções. Elementos como portas de acesso aos quartos ou o piso de cerâmica foram detalhes de reminiscência da casa anterior. Todos esses elementos vinculados a utilização do ferro, do vidro, e do concreto em sua forma mais pura, somado a intervenção mínima de suas paredes, estabeleceram um equilíbrio que buscávamos ao conjunto.

Ficha técnica:

  • Arquitetos:HM.A
  • Ano: 2011
  • Área construída: 126,00 m²
  • Área do terreno: 90,00 m²
  • Tipo de projeto: Habitacional
  • Operação projetual:Ampliação
  • Status:Construído
  • Materialidade: Vidro e Metal
  • Estrutura: Concreto e Metal
  • Localização: Buenos Aires, Argentina
  • Implantação no terreno: Adossado às 2 divisas

Equipe:

  1. Arquitetos: HM.A – Fernando Hitzig + Leonardo Militello
  2. Colaboradores: Juliana Zorza, Rubén Ruiz, Carmela Zuleta

Informação Complementar:

  1. Calculo Estrutural: Engenhiro Carlos Gandini
  2. Construtora: Estudio HMa
  1. Custo construção: US$ 220.000

Sobre este escritório
Escritório
Cita: Marina de Holanda. "Casa El Salvador / HM.A" 13 Mai 2012. ArchDaily Brasil. Acessado . <https://www.archdaily.com.br/br/01-30989/casa-el-salvador-hm-ponto-a> ISSN 0719-8906

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